o problema filosófico de Mao zedong parte 2

Assim como dito na parte 1, esse artigo irá criticar uma parte da filosofia de Mao, o seu materialismo  e a sua compressão do que é idealismo.

Mao diz no "materialismo dialético":
"Toda a história da filosofia é a história da luta e do desenvolvimento de duas escolas filosóficas opostas entre si: o idealismo e o materialismo. Todas as correntes e escolas filosóficas são manifestações destas duas escolas fundamentais."

Essa primeira frase é cômica, o materialismo é oposto ao idealismo?  Spinoza é um não filósofo então? O materialismo francês é uma forma de idealismo disfarçado? Mesmo que contornem essas perguntas dizendo que o verdadeiro materialismo é o de Marx, ainda esbarramos com o problema do idealismo na obra de Marx.

Em ideologia alemã Marx demarca o que é consciência e o que é falsa consciência, nessa teoria ele põe uma linha do subjetivo e do objetivo (a consciência é feita pelo ambiente, pelas relações sociais e pela nossa interpretação do mundo).

O objetivo na filosofia junto ao subjetivo entra completamente no idealismo e no materialismo, ou seja, não á uma oposição entre o materialismo e o idealismo.

Mais para frente Mao diz:

"A primeira condição para pertencer ao campo materialista consiste em reconhecer a existência independente do mundo material, à parte da consciência humana - o fato de que existia antes da aparição da humanidade, e continua existindo desde a aparição da própria humanidade, independente e fora da consciência humana. Reconhecer este ponto é uma premissa fundamental de toda investigação científica."

Primeiramente, Mao prova seu materialismo como um conceito abstrato fora da filosofia,  ao dizer que a primeira condição para o materialismo existir é reconhecer a existência do mundo independente da nossa consciência, isso é falar que matéria sempre existiu desde antes da humanidade, o que você faz é ignorar os estudos feitos pelos filósofos idealistas, para Schopenhauer por exemplo, a realidade sempre existiu independente das nossas ideias e vontades, no entanto a nossa vontade molda o mundo, e, isso é um fato, o desenvolvimento da humanidade foi fruto da nossa vontade.

Ao colocar o materialismo como científico, Mao está indo para o lado oposto da filosofia da ciência que se utiliza das várias contribuições dos idealistas para a filosofia da ciência.

Por último pegaremos um trecho no final do texto:

"As causas da transformação da matéria são encontradas não na parte exterior, mas dentro dela própria."

O que é exterior a matéria? O que é matéria? Percebesse um erro crucial de Mao, a falta de definição da matéria, o externo da matéria pode ser a própria matéria, por exemplo, ao escrever em um papel, o eu (matéria) influência o caderno (outra matéria) de forma externa, isso é só um exemplo, porque ainda é preciso definir o que é o externo e a matéria em si.

Mao nesse texto diz que o cristianismo, o budismo e todo o idealismo chinês falam do surgimento do mundo de uma forma mística, isso não poderia estar mais errado, como budista eu digo, em nenhuma vertente do budismo pretendemos falar sobre história do mundo, isso pouco importa para o Nirvana.

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