uma resposta ao texto “Contra o Idealismo da “Revolução Inteligente”: Uma Resposta Marxista à Julia Krupskaya”





No sábado um amigo meu trotskista escreveu um texto contra a parte 4 do criticismo radical, esse artigo tem como objetivo desmontar os argumentos feitos pelo colega de forma que a crítica ao texto não deixe brechas.

O texto começa no primeiro parágrafo afirmando algo muito interessante de ser retratado aqui:

“Julia Krupskaya, autodenominada fundadora de uma nova corrente que chama de “criticismo radical”, nos oferece em seu texto “A Revolução Inteligente” uma tentativa de reformular o conceito de revolução desde um ponto de vista que, embora pretenda ser “radical”, nada mais é que uma reciclagem do subjetivismo pequeno-burguês em tempos de crise social. Seu texto, embora travestido de ruptura, é um documento ideológico da capitulação. É uma exaltação da impotência teórica diante da tarefa histórica da revolução proletária. É um manifesto da abdicação.”

a fala do camarada advém de uma má interpretação do texto, inclusive ressaltando pontos dos quais já foram criticados por mim, a revolução inteligente não se trata de uma reciclagem do subjetivismo pequeno burguês, a subjetividade presente na relação subjetivo-objetivo na qual os textos do criticismo radical exploram é a subjetividade revolucionária, a luta pela criação de um sujeito revolucionário no qual quebre os ataques do sistema ao subjetivo que é a grande lacuna de um movimento como o dele que ao focar na objetividade e opor ela a sua subjetividade intrínseca está só mostrando o problema que existe dentro do seu próprio pensamento morto, mas que é balançado pelas ruas porque se recusam a colocá-lo em um caixão.

em seguida ele comenta:

“Krupskaya anuncia, com o ar triunfante dos reformadores morais, que todas as vertentes do marxismo revolucionário — leninismo, trotskismo, e mesmo o stalinismo e seu filho mimado, maoísmo— estão presas a um erro comum: tratar a revolução como uma questão objetiva, social, material. Como se a centralidade da luta de classes na história pudesse ser desconsiderada com um gesto retórico, em nome de uma “revolução” mais subjetiva, mais sensível, mais emocional, mais “inteligente”.”

O primeiro ponto a mostrar aqui é a comparação feita por ele tratando o criticismo radical como uma espécie de reformador moral, mas isso não está nem um pouco perto da verdade, o criticismo radical defende a total abolição da moral, ela foi feita pela sociedade hierarquizada para transformar os revoltosos em loucos e os castrados em pessoas boas, essa “moral” reformada no qual ele me acusa de respirar do ar é inexistente dentro de qualquer texto meu, parece-me que o escritor está criticando a sua interpretação equivocada do texto e não o texto em si.

No caso da questão objetiva nos deparamos com o mesmo problema que já abordamos, eu nunca critiquei a objetividade em nenhum de meus textos, muito pelo contrário, a minha crítica é sobre a oposição entre subjetivo e objetivo, o companheiro está simplesmente distorcendo meus artigos para assim conseguir fazer uma crítica sem sentido, beirando ao mecanicismo que Marx já a muito tempo criticava e o camarada que se diz “marxista” ainda utiliza.

Quando nesse mesmo parágrafo ele diz sobre a negação da centralidade da luta de classes durante a história ele está colocando mais uma vez uma mentira sobre algo que eu não cheguei a falar em nenhum momento, de fato a centralidade da luta de classes precisa ser negada porque ela não existe. A luta de classes tem sim um papel fundamental, mas isso é muito diferente de ser uma categoria central, ela é só um dos pilares, mas existe outro pilar que é tão importante quanto: o modo de produção. a questão porém é que esses pilares são descentralizados, ou seja percorrem e influenciam toda a sociedade de forma intrínseca e não como um motor único da luta de classes.

no terceiro parágrafo temos uma demonstração de ingenuidade presente dentro do seu texto:

“Não, camaradas! Nós não estamos diante de uma corrente revolucionária: estamos diante de uma tentativa de evacuar o conteúdo materialista da revolução e substituí-lo por um amontoado de abstrações sentimentais, categorias psicológicas e neologismos filosóficos. O que Julia Krupskaya propõe não é uma atualização do marxismo, mas a sua substituição por um novo espiritualismo político, por um novo tipo de “reforma do ser”, que abandona o terreno da luta de classes e da organização proletária e mergulha nos pântanos movediços da introspecção e do afeto categorizado.”

Uma coisa aqui é certa, nenhum de vocês quando lêem os meus artigos devem afirmar que o criticismo radical é uma nova corrente revolucionária, porque para isso, ela precisaria ser uma corrente, coisa que ela não o é, o criticismo radical é a libertação da revolução dessas correntes enferrujadas que o camarada tanto comenta, mas aparentemente se ele critica uma suposta “nova corrente” e não a corrente em si, significa que para ele tudo bem uma corrente existir.


O camarada Xiku (autor do texto criticado aqui) ao falar que a revolução inteligente evacua o conteúdo materialista da revolução e substitui por abstrações sentimentais (algo que o próprio faz no decorrer do texto), ele não está simplesmente retomando a crítica de um espantalho a subjetividade na qual já reiteramos ser uma mentira, mas está com o seu peito estofado defendendo um materialismo abstrato no qual o mesmo não consegue (e não, nada têm em comum com o materialismo de Marx, esse materialismo no qual eu evacuo é uma nova roupagem do materialismo mecanicista). Esse materialismo vulgar já foi criticado pelo próprio Marx no qual os trotskistas insistem em centralizar, mas poucos realmente lêem. Durante as teses contra Feuerbach Marx comenta:

“O principal defeito de todo o materialismo existente até agora (o de Feuerbach incluído) é que o objeto [Gegenstand], a realidade, o sensível, só é apreendido sob a forma do objeto [Objekt] ou da contemplação, mas não como atividade humana sensível, como prática; não subjetivamente. Daí o lado ativo, em oposição ao materialismo, [ter sido] abstratamente desenvolvido pelo idealismo – que, naturalmente, não conhece a atividade real, sensível, como tal. Feuerbach quer objetos sensíveis [sinnliche Objekte], efetivamente diferenciados dos objetos do pensamento: mas ele não apreende a própria atividade humana como atividade objetiva [gegenständliche Tätigkeit]. Razão pela qual ele enxerga, n’A essência do cristianismo, apenas o comportamento teórico como o autenticamente humano, enquanto a prática é apreendida e fixada apenas em sua forma de manifestação judaica, suja. Ele não entende, por isso, o significado da atividade “revolucionária”, “prático-crítica”.”

A crítica de Marx se encaixa muito bem aqui, mas primeiro é preciso delimitar uma coisa que eu já falei em um post “contra a vulgarização do conceito de crítica”, Marx não está defendendo a Objetividade pura frente a subjetividade, mas negando essa separação binarista entre essas duas cosmovisões. sabendo disso, se repararem bem Marx afirma que o materialismo novo (o dele) deve levar em conta o movimento da atividade humana e não só o próprio objeto, mas oras, a revolução inteligente se trata literalmente disso, a atividade humana analisada de forma crítica em toda sua complexidade, o que aparentemente é negado ao autor da crítica que move o materialismo ao simples teor de uma revolução para a tomada do poder pelas mãos dos proletários, mas sem compreender quais são as suas ações no mundo sensível, ou seja, coloca de maneira abstrata toda a atividade humana como parte do objeto e não como o movimento derivado dele.

outro ponto que Marx coloca e serve bem para uma crítica ao Xiku é essa parte na qual ele critica o pensamento destituído da realidade prática, isso inclui o pensamento de quem distorce essa realidade e se coloca como defensor de uma teoria que contemple ela:
“A questão de saber se ao pensamento humano cabe alguma verdade objetiva [gegenständliche Wahrheit] não é uma questão da teoria, mas uma questão prática. É na prática que o homem tem de provar a verdade, isto é, a realidade e o poder, a natureza citerior [Diesseitigkeit] de seu pensamento. A disputa acerca da realidade ou não realidade do pensamento – que é isolado da prática – é uma questão puramente escolástica.”

Percebam que a crítica de Marx ao velho materialismo se demonstra muito próxima da crítica feita ao marxismo dentro dos textos do criticismo radical, diferente do que tentam pintar aqui, Marx defende assim como eu, que a separação entre prática e teoria só pode advir de quem não consegue transformar sua prática em teoria, ou sua teoria em prática, mas para parecer que entendeu essa relação acaba por distorcer a própria realidade para se encaixar perfeitamente dentro do seu movimento, o que é presente o tempo inteiro dentro desse texto do nosso amigo.

Ainda dentro desse mesmo parágrafo, Xiku nos enche de elogios ao afirmar que a minha proposta não é a atualização do marxismo, porque realmente não é, por que atualizar um movimento que fracassou durante toda a história? (entraremos na questão do fracasso das pseudo revoluções marxistas mais pra frente), o marxismo nasceu morto, atualizar esse movimento é o mesmo que garantir o atestado de óbito da revolução, o criticismo radical é contra todas as ideologias do capital como o marxismo que se vestem de ideologias proletárias, mas acabam por trair esse movimento.

Outro ponto para se colocar aqui dentro deste parágrafo é o suposto abandono da luta de classes e da organização proletária (crítica essa que começa acusando o criticismo radical de um espiritualismo político), mas será que essa crítica faz algum sentido? para início de conversa, como dito antes não se trata de abandonar o terreno da luta de classes, mas entender que a luta de classes não atua por si só, a luta contra o sistema reprodutor de mercadorias também é muito importante de se levar em consideração, esse abandono só pode ser verdadeiro se estiver falando desse terreno artificial feito pela incompreensão marxista da luta de classes (dita anteriormente a respeito de sua suposta centralidade).


Agora a respeito do abandono da organização proletária, o camarada faz tal afirmação baseada na crítica feita por nós contra o modelo de organização leninista, mas o mesmo esquece que esse modelo foi inspirado pelo modelo de organização burguesa durante a revolução francesa e presente dentro de todo capitalismo desde o século XIX até os dias de hoje, ela não é sem sombra de dúvidas uma organização proletária, mas sim uma organização proprietária. E o criticismo radical fala sim sobre a organização proletária, entendida aqui como organização criticista radical, mas ele não segue o modelo leninista, por isso essa afirmação rasteira, mas essa organização é muito mais proletária do que a organização leninista, justamente por ela ser construída e movida pelos membros da organização (todos eles) e não só por uma casta burocrática vazia de conteúdo, veja o que eu mesma falo na parte 13 do criticismo radical:

“O primeiro passo para desenvolver uma organização pautada nos princípios do criticismo radical é que essa organização é uma organização espontânea e coletiva, o que eu quero dizer com isso? Diferente de organizações sindicais e partidárias (organizações que não se dizem ser um partido, mas segue a lógica partidária está incluída nas organizações partidárias), não temos uma organização que obedeça a um certo status, como por exemplo, um mero "venha se filiar ao PCBR", um membro dessa organização não segue uma organização em específico que segue o modelo organizativo do criticismo radical, ele é organizado teoricamente graças ao grupo de estudos com o modo criticista radical de pensar assim como outras pessoas também são. A organização criticista radical é espontânea e coletiva porque seguem um modelo de auto-organização onde cada sujeito criticista radical se junta em prol de um fim em comum, assim a organização não tem uma estrutura de sustentação já que não é uma organização em si (obviamente um membro de uma organização criticista radical poderia falar que é membro de uma organização criticista radical por puro jogo simbólico, mas essa organização não é uma organização como o PCB, o PCBR, a UP, o PSTU, a OCI, etc. Ela se comporta como uma organização inexistente nos parâmetros do senso comum, o que isso quer dizer? Sabe aquele grupo de amigos que se reúnem entre si? A organização criticista radical é quase isso, ou seja, não é uma organização institucionalizada, mas sim uma organização das massas pelas massas, sendo assim não tem destruir a organização lutando contra a sua estrutura, porque ela é uma organização contra estrutural, assim não podendo ter estruturas para atacar essa organização.”

Diferente do que a organização leninista defende, a organização criticista radical é uma auto-organização, feita pelos trabalhadores e para os trabalhadores, a afirmação um tanto quanto presunçosa do suposto abandono da organização proletária se volta contra o autor do texto como uma luva, porque é justamente na negação da organização criticista radical e na defesa no modelo leninista que se encontra o abandono da organização proletária e da própria revolução.

vamos seguir adiante:

“Este artigo, portanto, não se limitará a uma resposta. Não responderemos com complacência, nem com afagos teóricos. Não somos pedagogos da dúvida — somos soldados da revolução. Não disputamos interpretações: disputamos o poder. E o que está em jogo aqui é a própria noção de revolução — não como ideia, não como metáfora, mas como realidade concreta da luta de classes em sua expressão mais explosiva e insuportável para a ordem capitalista: a insurreição das massas, a destruição do aparelho do Estado burguês, a tomada do poder político e econômico pelas mãos organizadas da classe trabalhadora.”


Uma coisa é certa, até agora o presente artigo que está sendo criticado não foi uma simples resposta, mas uma resposta feita às pressas com um péssimo rigor teórico e prático, mas dentro disso surge uma mentira, os trotskistas não são os soldados da revolução, muito pelo contrário, eles são os soldados da contrarrevolução (todos os marxistas estão enquadrados aqui), a própria noção apresentada de tomada do poder é uma medida pequeno burguesa de se pensar e da qual ele tanto se vangloria de fazer parte.


A revolução não é nenhuma tomada do poder e sim a sua destruição por completo para uma relação positiva do poder (o poder organizado pelo próprio povo sem as estruturas sociais que fixam o poder nas mãos de um grupo ou objeto). Tomar o poder já existente é só uma forma nova de reformismo radical, porque tomando o poder e não destruindo o que está sendo posto é uma nova relação capitalista, e, um processo de burocratização do grupo que tomou esse poder.


A tomada do Estado burguês é um pleonasmo proposital dentro desse texto, o autor faz isso para defender a existência de um Estado proletário, mas isso não existe, não estamos vivendo na era do Estado burguês como se existisse outra forma de organização estatal, vivemos na era da organização política Estado, independente de quem o utiliza, o Estado tem como função a proteção do modo de reprodução capitalista, tomar ele para si só fará uma nova organização social capitalista e nada mais, isso é algo discutido por pachukanis inclusive no “teoria geral do direito e marxismo”:

“A dominação de classe, tanto em sua forma organizada quanto em sua forma não organizada, é consideravelmente mais ampla que o domínio que pode ser designado como domínio oficial do poder do Estado. A dominação burguesa exprime-se, ainda, na dependência do governo em relação a bancos e grupos capitalistas, na dependência de cada trabalhador isolado em relação a seu empregador e no fato de a composição do aparato estatal estar pessoalmente ligada à classe dominante. Esses fatos – que podem ser multiplicados infinitamente – não têm nenhuma expressão jurídica oficial, mas coincidem, de modo magnífico e pelo próprio significado, com aqueles fatos que encontram expressão jurídica oficial e se apresentam na forma da submissão dos mesmos trabalhadores às leis do Estado burguês, aos decretos e às instruções de seus órgãos, às sentenças de seus tribunais etc. Ao lado do domínio de classe direto e imediato emerge, dessa maneira, o domínio mediato e refletido na forma do poder estatal oficial como uma força particular, destacada da sociedade. Com isso, surge o problema do Estado, que oferece tanta dificuldade à análise quanto o problema da mercadoria.”

Aqui Pachukanis está colocando que o Estado é intrínseco ao modo de produção capitalista, porque faz parte da organização burguesa como um todo, essa organização burguesa vai além do Estado porque cria ele como uma ferramenta perfeita para seu cargo de manutenção da ordem do capital e nada mais.Mas alguns ideólogos do marxismo “revolucionário” podem argumentar que o Estado “proletário é uma espécie de Estado degenerado e por isso não seria uma forma de proteção do modo de produção capitalista, mas a sua autodestruição, no entanto essa afirmação também carrega uma falha teórica muito grande. A proteção ao modo de produção capitalista é tipicamente o núcleo do Estado, ele não se apresenta na superfície desse conceito. A ideia de Estado Degenerado como Estado proletário é estranha ao materialismo de Marx, ele degenera sua aparência primeiro, a relação entre ele e o sistema capitalista continua sendo indissociável, mas isso não é só uma fala minha, os filósofos do direito quando falam da teoria da derivação do Estado chegam no mesmo argumento, não importa qual forma o Estado se apresente, ele sempre vai ser um aparato de dominação do capital, não é um aparato de classes, justamente por não importar a classe no poder, o Estado continua sendo um porto seguro do sistema, vamos ver sobre isso um trecho do professor Alysson Mascaro sobre o surgimento do Estado em seu livro “Estado e forma política”:

“O Estado, tal qual se apresenta na atualidade, não foi uma forma de organização política vista em sociedades anteriores da história. Sua manifestação é especificamente moderna, capitalista. Em modos de produção anteriores ao capitalismo, não há uma separação estrutural entre aqueles que dominam economicamente e aqueles que dominam politicamente: de modo geral, são as mesmas classes, grupos e indivíduos – os senhores de escravos ou os senhores feudais – que controlam tanto os setores econômicos quanto os políticos de suas sociedades. Se alguém chamar por Estado o domínio antigo, estará tratando do mando político direto das classes econômicas exploradoras. No capitalismo, no entanto, abre-se a separação entre o domínio econômico e o domínio político. O burguês não é necessariamente o agente estatal. As figuras aparecem, a princípio, como distintas. Na condensação do domínio político em uma figura distinta da do burguês, no capitalismo, identifica-se especificamente os contornos do fenômeno estatal.”

Aqui o professor está colocando o Estado em seu período histórico, segundo ele e de forma correta o Estado é separado do poder econômico nas relações diretas, por conta das profissionalizações feitas pelo capital, enquanto o Estado domina a organização política dos seus modos de produção, a bolsa de valores, os donos de terra, o mercado especulativo, etc. dominam as relações sociais dentro da sociedade, a dominação econômica não é só sobre a reprodução capitalista, mas a dominação indireta da sua sociabilidade. A dominação política na sociedade atual é separada da dominação econômica de forma superficial, essa separação proposital é feita com um objetivo, manipular as massas para acreditar que se mudar a forma estatal e não destruí-la por completo estará fazendo uma revolução contra o capital, quando na realidade não está. Uma revolução que busque tomar o Estado de qualquer forma, degenerado ou não, é uma forma de contrarrevolução.

Agora, os marxistas revoltados ao se depararem com a realidade podem questionar “como se dá uma transição da sociedade capitalista para a comunista?”. Primeiro é preciso entender o que é transicionar de uma sociedade para outra, esse jargão popular do marxismo atende as ilusões estatais colocadas por eles. Quando pensam em ditadura do proletariado eles pensam em uma ditadura estatal nas mão dos trabalhadores, mas isso vai contra a sua concepção original dentro da leitura de Marx até mesmo durante o seu texto “crítica ao programa de gotha” ele propõe a ditadura do proletariado como uma auto-organização dos trabalhadores e não a tomada do poder estatal pela nossa classe, esse pensamento estatista (embora o autor negue com todas as forças) é uma forma degenerada de um grupo minoritário dos proletariados, um grupo reacionário que em todas as insurgências revolucionárias do século passado traíram a nossa classe e se aliaram com o capital.

A transição da sociedade capitalista para a comunista é feita a partir da revolução inteligente constante, uma transição onde tem a participação de todos os trabalhadores, mas quais são os argumentos mais falados para a defesa estatal durante o período de transição? Bem, o mais comum é a respeito da resposta bélica dos países capitalistas a essa revolução, argumentam que se houver uma revolução a potência estadunidense iria atacar belicamente com bombas, seu exército, financiar pessoas para matar seus dirigentes, etc. e por isso precisamos que a transição seja estatal, mas esse argumento é raso, porque coloca o poder bélico de uma sociedade nas mão do Estado, o poder armado que defende a revolução está no mar armado das massas, a multidão que fez a revolução é a mesma que defende ela e ajuda a mesma a se expandir, não precisamos do aparato estatal para uma transição, essa defesa novamente é uma incompreensão da revolução. 

A respeito da tomada do poder econômico nas mão do proletariado essa frase não faz sentido, o poder econômico é destruído e não tomado, para isso vamos pegar o próprio livro magnus de Marx: “o Capital”, nesse livro ele não só critica o modo de produção capitalista e consequentemente a sua forma econômica, os três livros se trata também de uma investigação clara do capital que é a base de qualquer forma econômica para chegar a uma conclusão ao final do terceiro livro: não existe forma econômica fora da sociedade do capital, não existe economia nas mãos do proletariado, porque esse proletariado automaticamente exerce o poder repressivo contra a sua própria classe.

no próximo parágrafo o autor lança uma provocação engraçada:

“A proposta de Julia é, no fundo, a velha tese revisionista vestida com roupas novas: a negação da luta de classes como motor da história, a negação da ditadura do proletariado como etapa necessária da transição ao comunismo, a negação do partido como instrumento da revolução. Mas o revisionismo de hoje já não tem a robustez de um Bernstein. Tem a fragilidade poética de quem quer substituir o conflito social pela pedagogia do cuidado, a firmeza revolucionária pela escuta ativa, o socialismo científico pelo devaneio crítico.”

O primeiro ponto é o retorno ao mesmo argumento raso do suposto “abandono da luta de classes”, o que não ocorre dentro do criticismo radical e isso fica bem claro no decorrer do texto, mas sobre a negação dessa luta como motor da história é verdade, a história não tem um motor, essa concepção ilusória dos marxistas é de um Marx criticado pelo próprio Marx, e, aqui não significa dizer que o manifesto é inteiramente descartado, mas que ele deve ser colocado no seu devido lugar no debate, como uma obra de Marx que é fruto das contradições de seu tempo, mas o próprio Marx posteriormente quando pegamos o primeiro volume d’ O Capital” Marx sustenta a posição que a história não tem um motor, por um simples motivo, motores são objetos estáticos que se movem internamente, mas não existe movimento externo e é esse objeto que move outro objeto no qual está inserido, mas isso vai contra a própria concepção Marxiana de luta de classes, afirmar que ela é o motor da história é o mesmo que afirma a luta como estagnada no tempo e no espaço, essa análise feita pelos marxistas fica evidente como parte do materialismo mecanicista como dito anteriormente, porque ao invés de analisar as relações sociais como são, transformam elas em objeto e começam a fazer uma analise materialista na qual Marx já criticava na primeira tese contra Feuerbach. A luta de classes move a sociedade humana e isso nunca foi negado por mim ou por ninguém que se diga criticista radical, a questão aqui é: a luta de classes também se move por conta das estruturas sociais historicamente postas. A luta de classes por tanto é insuficiente para fazer uma análise completa e detalhada do fenômeno histórico, justamente porque essa análise esquece de pôr a própria luta de classes dentro do paradigma social, ela o modifica, mas ele também a modifica, essa luta de classes ahistórica está completamente inspirada dentro de uma visão escolástica e nada mais.

A suposta negação da ditadura do proletariado também não se sustenta no texto, porque a crítica posta é a forma na qual essa ditadura é posta por eles, para os marxistas a ditadura do proletariado é a tomada do poder estatal, como já demonstramos essa falsa ditadura do proletariado não se trata de um período de transição da sociedade capitalista para a comunista, mas sim de uma reformulação da sociedade capitalista nas mãos de uma classe burocratizada.Mas se a ditadura em questão não é estatal, ela se dá em qual sentido? Como o nome já afirma é uma ditadura classista, o proletariado unido nas suas próprias relações de poder após destruir o poder estatal, a ditadura é feita pela auto-organização e não pela forma institucional das organizações marxistas, a ditadura é do proletariado e não do partido como o colega deixa a entender durante o texto.

A respeito do suposto revisionismo com roupas novas como Xiku coloca é simplesmente hilário, porque essa tese vem principalmente de alguém que leu meus textos de forma errada e completamente desconexa, mas também não leem os textos dos supostos revisionistas como o Bernstein e Kautsky porque se realmente estudassem esses dois expoentes do revisionismo verão que todas as teses leninistas derivam dos dois, principalmente de Kautsky, mas diferente do autor que fala muito, mas demonstra pouco, nós iremos demonstrar o que estamos o acusando.


Primeiro vamos tratar especificamente de Kautsky e da sua relação com Lenin e os leninistas, uma relação íntima onde o texto de Lenin “o renegado kautsky” é só uma provocação a si mesmo. No texto “A conquista do Poder politico” feito em 1909, Kautsky argumenta:

“É impossível, com efeito, na sociedade capitalista, assegurar ao proletariado uma existência satisfatória, pois sua emancipação exige a transformação da propriedade privada dos meios de produção e de dominação capitalista em propriedade social, assim como a substituição da propriedade privada pela produção social. O proletariado não pode encontrar satisfação senão em uma ordem social completamente diferente da de hoje. 
Porém, o Partido Socialista é também revolucionário em outra acepção, pois reconhece que o Estado é um instrumento, ainda um instrumento mais formidável da dominação de classe e que a revolução social para a qual tendem os esforços do proletariado não poderá cumprir-se até que se conquiste o poder político.”

Antes de colocar como Lenin está completamente de acordo com essa citação de kautsky, vamos dissecar essa citação primeiro para demonstrar que kautsky e Lenin são próximos e não é um texto só dos dois falando mal do outro que fará eles serem opostos por completo. A começar com a prepotência que só os marxistas têm de se colocarem como os porta-vozes do proletariado, mas esquecem de levar em consideração todos os movimentos que têm origem de fato proletária são os movimentos autogestionários, autônomos, que buscam a revolução da classe trabalhadora para a classe trabalhadora, esses são de fato movimentos revolucionários, não são um grupo minoritário dos trabalhadores que se dizem os representantes de toda uma classe.

A respeito da produção social que é suposto a uma sociedade comunista como kautsky descreve, existe um problema de princípio aqui, o problema não é a forma da produção, mas a produção em si, mudar a sua forma é só mudar a forma da opressão, não se trata de uma nova sociedade, mas de uma sociedade velha e exploradora que só por ter uma roupagem diferente acha que tem direito de ser chamada de socialista, toda produção aqui posta é produção de capital, mas no caso descrito, produção social de capital e não existe essa produção e reprodução fora do capitalismo, essa estratégia é feita por um revisionista enrustido. A própria questão da propriedade é uma proposta do senso comum marxista, a propriedade privada para a propriedade social é uma estratégia posta por Marx na miséria da filosofia quando critica Proudhon, mas essa crítica segundo o próprio Marx é errada, porque na época ele não tinha tanto conhecimento sobre o capital e as relações de produção, toda propriedade é privada em algum sentido, as cooperativas por exemplo, elas são vistas como as propriedades ideias para os comunistas, mas eles têm donos, um grupo específico de trabalhadores que trabalham lá, o resto dos funcionários só produzem, e, elas ainda estão sobre o controle estatal, a terra que a propriedade está localizada é de posse do Estado, por tanto não importa quem esteja no comando da propriedade, ela ainda é uma forma de exclusão social e de dominação da minoria para a maioria, a diferença é que nas cooperativas essa minoria aumenta significamente. 
A concepção do Estado como um mero instrumento é proposital, ele coloca como se o Estado não tivesse surgido na sociedade reprodutora de mercadorias e para a sociedade reprodutora de mercadorias, na concepção dele o Estado é um instrumento que hoje está nas mãos da burguesia, mas que durante a revolução vai estar nas mãos do proletariado, o problema é que essa tese é mentira, como foi dito anteriormente o Estado surge na sociedade capitalista, ele foi feito para se encaixar perfeitamente na reprodução de capital como seu agente protetor. Essa ideia de revolução como tomada do poder estatal não é algo visto só em kautsky, mas é muito usado por Lenin também demonstrando que os leninistas e isso os trotskistas também incluídos, são muito mais próximos do velho revisionismo do que o criticismo radical. Vamos observar uma fala do Lenin no Estado e a revolução:

“Pode-se dizer, sem medo de errar, que esse raciocínio de Engels, notável pela riqueza do pensamento, só se tornou verdadeiro patrimônio do pensamento socialista nos partidos socialistas contemporâneos porque, de acordo com Marx, o Estado “definha e morre”, diferentemente da doutrina anarquista da “abolição” do Estado. Podar dessa maneira o marxismo significa reduzi-lo ao oportunismo, pois diante de tal “interpretação” fica apenas a vaga imagem de uma mudança lenta, uniforme, gradual, da ausência de saltos e tempestades, da ausência de revolução. O “definhamento” do Estado, na concepção corrente, geralmente divulgada, de massas, se é que se pode assim dizer, significa o inevitável obscurecimento, senão a negação, da revolução. Entretanto, semelhante “interpretação” é a mais brutal deturpação do marxismo, favorável apenas para a burguesia e teoricamente baseada no esquecimento das mais importantes circunstâncias e considerações indicadas, por exemplo, no raciocínio “do balanço” de Engels por nós citado na íntegra.
Primeiro. Logo no início desse raciocínio, Engels diz que, ao assumir o poder de Estado, o próprio proletariado “extingue o Estado enquanto Estado”. Pensar no que isso significa “não é costume”. Geralmente isso é ignorado completamente ou considerado algo como uma “fraqueza hegeliana” de Engels. Na realidade, estão resumidas nessas palavras a experiência de uma das maiores revoluções proletárias, a experiência da Comuna de Paris de 1871, da qual falaremos mais detidamente em trecho oportuno. De fato, Engels fala aqui de “extinção” do Estado da burguesia pela revolução proletária, ao passo que as palavras sobre o “definhamento” se referem aos resíduos do Estado proletário , depois da revolução socialista. O Estado burguês, segundo Engels, não “definha”, mas é “extinto” pelo proletariado na revolução. O que definha depois dessa revolução é o Estado
proletário, ou um semi-Estado.”

A proposta de “definhamento” do Estado como já mencionamos é criticada por qualquer revolucionário sério que se detenha a pesquisa da filosofia do direito e da forma estatal, mas o mais interessante é de onde Lenin retira seu argumento da revolução como a tomada do Estado e a transformação dele em um Estado proletário em definhamento, ou semi-Estado: Uma péssima leitura de Engels. Sim a leitura que Lênin faz de Engels é horrível, veja a citação na qual ele comenta:

“O proletariado assume o poder de Estado e transforma os meios de produção primeiro em
propriedade do Estado. Desse modo, ele próprio se extingue como proletariado, desse modo,
ele extingue todas as diferenças e os antagonismos de classes e, desse modo, ele também extingue o Estado enquanto Estado. A sociedade que tivemos até agora, que se move por
meio de antagonismos de classes, necessitou do Estado – isto é, de uma organização da respectiva classe espoliadora – para sustentar suas condições exteriores de produção, ou seja, principalmente, para reprimir pela força a classe espoliada nas condições de opressão dadas pelo modo de produção vigente {(escravidão, servidão ou vassalagem, trabalho assalariado)}. O Estado foi o representante oficial de toda a sociedade, sua síntese numa corporação visível, mas ele só foi isso na medida em que constituiu o Estado da classe que, para sua época, representou toda a sociedade {: na Antiguidade, o Estado dos cidadãos escravistas; na Idade Média, o Estado da nobreza feudal; em nosso tempo, o Estado da burguesia}. Tornando-se, por fim, de fato, o representante de toda a sociedade, ele próprio se torna supérfluo. No momento em que não houver mais classe social para manter em opressão, no momento em que forem eliminadas, junto com a dominação classista e a luta pela existência {individual} fundada na anarquia da produção antes vigente, também as colisões e os excessos delas
decorrentes, nada mais haverá para reprimir, nada mais haverá que torne necessário um poder repressor específico, um Estado. O primeiro ato no qual o Estado realmente atua como representante de toda a sociedade – a tomada de posse dos meios de produção em nome da sociedade – é, ao mesmo tempo, seu último ato {autônomo} enquanto Estado. {De esfera em esfera, a intervenção do poder estatal nas relações sociais vai se tornando supérflua e acaba por desativar-se.} O governo sobre pessoas é substituído pela administração de coisas e pela condução de processos de produção. A sociedade livre não pode utilizar ou tolerar nenhum “Estado” entre ela e seus membros. {O Estado não é “abolido”, mas definha e morre. } É por esse critério que deve ser medida a fraseologia que fala de um “Estado nacional livre”, considerando tanto a sua momentânea justificação na boca dos agitadores como a sua definitiva insuficiência científica {; também é por ele que se deve medir a exigência dos assim chamados anarquistas de que o Estado deve ser abolido de um dia para o outro}.”


Veja as falas de Engels retiradas no seu livro “O Anti-dühring” de fato entram em acordo com o pensamento de Lenin se não prestarmos atenção completa a esse trecho no qual Lenin cita. Engels acaba utilizando da contradição para afirmar o fim do aparato estatal, mas ao mesmo tempo coloca essa forma em um Estado de transição ou um Estado proletário, no entanto isso é uma visão péssima sobre o que de fato é o Estado, a posição correta a se tomar aqui é levar em consideração o início da citação: “O proletariado assume o poder de Estado(...)” percebe que nesse início ele fala em assumir o poder de Estado e não o poder do Estado? E o que isso quer dizer de fato? Bem, primeiro é importante ressaltar que eu procurei a passagem no livro do antidühring por completo e não achei, o que faz-me crer que a citação seja adulterada por um terceiro ou pelo próprio Lenin, mas não é isso que importa agora, esse “de” parece querer dizer que o proletariado assumira o poder político no qual o Estado está no controle atualmente na sociedade reprodutora de mercadorias. O resto da citação é uma completa inversão, colocando a revolução a ordem do Estado, coisa que era defendida por Marx e Engels até 1848, mas depois disso (da escrita do manifesto) a posição deles acerca do Estado muda radicalmente, veja a posição de Marx em uma carta a kugelmann em 1871:

“Se consultares o último capítulo do meu 18 de Brumário, verás que enuncio como próxima tentativa da revolução francesa não já, como até aqui, transferir a maquinaria burocrático-militar de umas mãos para outras mas demoli-la, e isto é a condição, prévia de toda a verdadeira revolução popular no continente. É esta também a tentativa dos nossos heróicos camaradas de Paris. Que elasticidade, que iniciativa histórica, que capacidade de sacrifício, nestes parisienses! Após seis meses de fome e de arruinamento, pela traição interna ainda mais do que pelo inimigo externo, sublevam-se debaixo das baionetas prussianas, como se nunca tivesse existido uma guerra entre a França e a Alemanha e o inimigo não estivesse ainda às portas de Paris! A história não tem nenhum exemplo semelhante de semelhante grandeza! Se derrotados a culpa será só da sua «benevolência». Havia que marchar imediatamente para Versalhes depois de, primeiro, Vinoy e, em seguida, a parte reaccionária da própria Guarda Nacional de Paris terem abandonado o terreno. Perdeu-se o momento certo por escrúpulos de consciência. Não se queria iniciar a guerra civil, como se o mischievous avorton(1) de Thiers não tivesse já iniciado a guerra civil com a sua tentativa de desarmamento de Paris! Segundo erro: o Comité Central renunciou demasiado cedo ao seu poder, para ceder o lugar à Comuna. De novo por escrupulosidade excessivamente «honesta»! Seja como for, a actual sublevação de Paris, mesmo que derrotada face aos lobos, porcos e rafeiros da velha sociedade, é o feito mais glorioso do nosso partido desde a insurreição de Junho parisiense. Compare-se com estes titãs de Paris, os escravos celestes do sacro Império romano germano-prussiano, com as suas mascaradas póstumas cheirando a caserna, a igreja, aos Junker de aldeia e, sobretudo, a filisteísmo.”

Para Marx em 1871 a revolução não se trata mais de uma troca de poderes do Estado, mas sim a sua destruição imediata como diria os anarquistas, o que entra em confronto com aquela suposta citação do Engels em “Estado e a Revolução”, mas percebam a semelhança entre Kautsky e Lenin (e os Leninistas como o autor do texto que estamos criticando), ambos tem posições a respeito do Estado que Marx e Engels tinham no manifesto comunista e no resto da vida acabam por recusar essas posições iniciais enxergando-as como inadequadas para o curso da revolução que se seguia, Marx inclusive fala que a comuna de paris caiu por conta da não destruição do aparato estatal, ele não fala que foi porque os proletários não tomaram posse do Estado. Ainda sobre o Estado encontramos a maior semelhança entre Kautsky e seu filho rebelde Lenin: Ambos acreditam na instrumentalidade do Estado, acreditam que o Estado sempre existiu e sempre vai existir até ser destruído por completo de forma lenta, mas isso novamente vai contra o que Marx e Engels escreveram sobre o Estado e o que o maior filósofo do direito no marxismo, que é o pachukanis, mas isso não é só em Marx e Engels não, a primeira internacional inteira e os anarquistas da época chegaram na mesma conclusão, o Estado não pode ser tomado, ele deve ser destruído por completo de forma lenta, mas isso novamente vai contra o que Marx e Engels escreveram sobre o Estado e o que o maior filósofo do direito no marxismo, que é o pachukanis, mas isso não é só em Marx e Engels não, a primeira internacional inteira e os anarquistas da época chegaram na mesma conclusão, o Estado não pode ser tomado, ele deve ser destruído, Por isso a posição de Trotsky inclusive está errada quando fala que a URSS era um Estado operário degenerado e por isso não era capitalista e nem comunista, essa tese dele é intrinsecamente errada porque a URSS era uma burocracia estatal, não tinha operários dentro do Estado, mas sim uma casta burocrática sob um sistema capitalista e isso é evidente, o Estado sovietico inclusive levou o seu capitalismo a máxima potência, não foi nem por um segundo algo entre o capitalismo e o comunismo. Diante disso, foi demonstrado que os leninistas estão muito mais próximos de um “revisionismo com novas vestes” do que o criticismo radical.


O autor também comenta sobre o criticismo radical negar o partido como um instrumento da revolução e isso é verdade, mas o partido realmente não é o instrumento da revolução, ele é a força burguesa dentro do proletariado, uma casta reacionária que sempre se aliou com a burguesia ou com o sistema capitalista. A revolução não é feita por instrumentos, ela é feita pelos trabalhadores em conjunto com todos os oprimidos, inclusive aqueles que não são considerados de nenhuma classe por perturbar a lógica capitalista, como os povos indígenas e quilombolas. A organização revolucionária não é o partido de nenhuma forma possível, mas sim a organização autônoma no qual a organização criticista radical se inspira e tenta enxergar seus acertos e erros, por tanto sim o criticismo radical nega a necessidade de um partido, a revolução é obra dos trabalhadores para os trabalhadores e isso não é feito através de um partido, muito menos sobre a forma vanguardista no qual sempre em todo o percurso da história traiu e capitulou a luta revolucionária, só observar a França em 1968, a Itália em 1977 e o Brasil em 2013, todos movimentos traídos pelos partidos marxistas.

A suposta substituição do conflito social pela pedagogia do cuidado é simplesmente um absurdo, essa afirmação tem um motivo bem específico, ao se deparar com a crítica ao centralismo democrático (no qual voltaremos a ela nesse texto) ele se viu no direito de falar que a revolução inteligente é uma grande pedagogia do cuidado, mas isso não se encontra na verdade. De fato nós somos pedagógicos, mas isso está longe de ser algo como uma suposta “pedagogia do cuidado”, mas sim uma pedagogia crítica, a crítica radical coletiva pedagógica não significa que é para segurar na mão de todo mundo na hora de criticar, mas é preciso entender quem está sendo criticado, quem começou a estudar e entrar na prática revolucionária agora deve ser criticado radicalmente pelo coletivo de uma forma na qual a crítica não deixe ele sem vontade de produzir teoria ou participar da prática revolucionária. Mas o curso dessa pedagogia crítica não encontra nenhuma oposição ao conflito social, muito pelo contrário, a revolução inteligente utiliza e muito do conflito social para se basear na parte da revolução social, mas diferente do marxismo, todos os conflitos sociais são ouvidos e combatidos, os comunistas que só se importam com a diminuição da escala de trabalho, enquanto camponeses, indígenas e quilombolas morrem todos os dias por debaixo dos panos e eles não dizem nada, a fome e a insegurança alimentar cada vez mais alta, o conflito social é estudado pelo criticismo radical e a revolução inteligente utiliza dele ao todo, diferente de certos movimento hegemônicos. A primeira proposta da organização criticista radical na parte 14 (segunda parte do ensaio sobre a organização criticista radical) eu até comentei sobre a organização precisa ter uma cozinha solidária com comida de qualidade e nutritiva, um movimento de ocupação que oferece moradia para quem precisa oferecendo educação, alimentação de qualidade, tudo que básico pra sobreviver. No entanto, essa opinião mudou um pouco, porque de início eu coloco essa estratégia como plausível no início da organização, mas é muito mais viável isso acontecer no final da organização. Mesmo assim o conflito social segue sendo parte da análise sobre a revolução social, só ver a parte 16 dos meus artigos onde eu faço uma reavaliação de todos os meus textos e é onde eu desenvolvo mais sobre a revolução inteligente, inclusive usando como base o livro do Thiago canettieri “Periferias, Reprodução Social Crítica e Urbanização Sem Salário” para me aprofundar cada vez mais nesses conflitos sociais, obviamente utilizando de outras fontes para isso, mas a afirmação que a revolução inteligente substitui os conflitos sociais pela pedagogia do cuidado (termo inventado por ele inclusive) é simplesmente desonesta como já foi posto aqui.

Agora falando sobre o seu cientificismo clássico ao se vangloriar de estar do lado de um socialismo científico, que é um termo criado por um grupo de tradutores das obras de Marx para o inglês e que se popularizou ao redor do movimento marxista, mas esse termo é impreciso, não existe socialismo científico em Marx e Engels, o que existe é um socialismo que usa do materialismo crítico para afirmar a necessidade de uma revolução, que por ventura pode ser usado no método de investigação científica, mas isso está longe de ser um pressuposto para ser correto falar socialismo científico. Inclusive esse termo é o puro suco do cientificismo como já falamos, colocar científico no nome só por conta do peso que essa palavra tem, como se qualquer coisa sem ser científica não tivesse valor nenhum, mas isso está longe da verdade, a arte não é uma ciência, a psicanálise não é uma ciência (ela é uma arte, segundo Lacan) e principalmente a filosofia não é uma ciência, ela é muito mais, colocar científico no nome só é um sinal que a teoria é prematura e o autor e inseguro demais, ou que o autor é só cientificista mesmo.

Agora vamos ver o que o próprio Marx fala sobre a questão da crítica que ele tanto fala enquanto devaneio no 18 de brumário:


“As revoluções burguesas como as do século XVIII precipitam-se 
rapidamente de sucesso em sucesso, um efeito dramático é suplantado pelo próximo, pessoas e coisas parecem refulgir como brilhantes, respira-se diariamente o êxtase; porém, elas têm vida curta, logo atingem o seu ponto alto e uma longa ressaca toma conta da sociedade antes que, novamente sóbria, aprenda a apropriar-se dos resultados do seu período impetuoso e combativo. Em contrapartida, as revoluções proletárias como as do século XIX encontram-se em constante autocrítica, interrompem continuamente a sua própria marcha, retornam ao que aparentemente conseguiram realizar para começar tudo de novo, zombam de modo cruel e minucioso de todas as meias medidas, das debilidades e dos aspectos deploráveis das suas primeiras tentativas, parecem jogar o seu adversário por terra somente para que ele sugue dela novas forças e se reerga diante delas em proporções ainda mais gigantescas, recuam repetidamente ante a enormidade ainda difusa dos seus próprios objetivos até que se produza a situação que inviabiliza qualquer retorno e em que as próprias condições gritam(...)”


A revolução que se seguiu na época de Marx era uma revolução crítica, diferente das revoluções burguesas do século XVIII e as reacionárias do Século passado, a revolução proletária do século XIX se deu pelo grande uso da crítica e autocrítica que agora é chamado de devaneio por um leninista qualquer. O erro dessas revoluções foi a instrumentalização da crítica, mas só por ser um movimento crítico ele foi muito mais avançado do que qualquer movimento atual, a questão é que essa crítica deve ser o horizonte da ação, ou seja, a crítica constante é a base da teoria e prática revolucionária adequado, a crítica é primária e não secundária, por conta disso a revolução proletária no tempo de Marx também encontrou um limite claro nessa relação. A fala que a revolução inteligente é a substituição do socialismo científico pelo devaneio da crítica é puramente o cientificismo nas veias abertas do leninismo. A revolução inteligente é crítica constante, sempre avançando tanto pela crítica teórica quanto pela crítica prática. O marxismo revolucionário (revolucionário segundo eles), pegam um Marx datado e um Marx recortado, tirando o conteúdo crítico das obras mais elaboradas de Marx e o substituí pelo mero cientificismo barato que é em todos os sentidos contrarrevolucionário.

No próximo parágrafo temos mais conclusões absurdas:

“É por isso que dizemos, com toda a clareza: não estamos diante de um debate teórico entre correntes revolucionárias. Estamos diante de um combate de classes no terreno das ideias. O “criticismo radical” é a expressão ideológica de um setor pequeno-burguês desiludido com a revolução, que tenta consolar-se com uma filosofia de gestos simbólicos e sentimentos organizados. Mas a revolução, camaradas, não se faz com emoções bem resolvidas. Faz-se com ódio de classe, com direção política, com organização internacional. Faz-se com ruptura, com enfrentamento, com o fim da propriedade privada dos meios de produção”

Veja mais uma conclusão correta, não estamos diante de um debate teórico, mas dá expressão mais desonesta que o leninismo pode dar ao proletariado que cansou das suas respostas pífias aos problemas que só o respondem nas suas aparências. As acusações neste parágrafo repetem todas as acusações feitas nos primeiros parágrafos, o que demonstra uma certa prolixidade que tentarei evitar ao máximo.

A revolução inteligente não é mera simbologia como o senhor afirma, mas ela foi feita sim pela desilusão da revolução, porque a revolução inteligente é uma análise completa da realidade, não é uma ilusão como pretende afirmar o querido. Mas no caso da simbologia, o criticismo radical usa de signos linguísticos e isso é usado pelos marxistas também, mesmo de forma inconsciente, o mínimo de estudo de semiótica e filosofia da linguagem desbanca a tese da simbologia como um mero recurso teórico, ela é a expressão linguística das relações humanas.

Quando ele fala sobre a revolução ser feita na base do ódio de classes e não por emoções bem resolvidas, ele acaba se voltando contra ele mesmo como foi dito antes. Mas vamos focar na interpretação dele sobre a revolução emocional, muito por culpa minha por ter desenvolvido muito pouco sobre ela na parte 4, no entanto se for ver o conjunto todo das minhas obras fica nítido que a revolução emocional é uma constante que perdura durante toda a revolução inteligente, não se trata de emoções bem resolvidas, muito pelo contrário, a revolução emocional é uma série de emoções não resolvidas fora ao abstrato “ódio de classe”, A revolução no geral não é feita pelo ódio, mas pelo conjunto de emoções que enxergar a revolução como única forma de resolver certas pendências emocionais.

Ao afirmar que a revolução é feita com direção política e de forma internacional, temos a tendência de discordar, até porque essa tese se demonstrou ao longo da história contrarrevolucionária, mas se aprofundando um pouco mais na parte da organização internacional podemos observar que a organização na qual o autor faz parte não é internacional afinal, que organização internacional é essa que não oferece nenhum curso popular de idiomas para seus militantes? Como os militantes que só falam português vão falar com um membro da organização da inglaterra? simplesmente não vão, esse internacionalismo está na sua formalidade, mas na prática não existe. Mas quando falamos da organização criticista radical, ai sim estamos dizendo sobre uma organização verdadeiramente internacionalista, os membros da organização serão ensinados outros idiomas, no próprio grupo de estudos os criticistas radicais de diferentes países debaterão e participarão da crítica radical coletiva pedagógica, o que faz necessário o aprendizado de idiomas (o projeto atual do grupo de estudos se contra nacionalmente, mas o grupo tende a se expandir cada vez mais).

 No caso da direção como parte fundamental da revolução é a velha tática leninista do centralismo democratico que não desenvolvemos a crítica nesse momento (até porque mais adiante do texto encontramos uma fala que podemos extrair mais conteúdo da crítica a esse conceito), mas fora o centralismo democratico é importante entender que essa direção ocorre de maneira inversa ao curso natural que uma revolução deve seguir: a destruição total do capitalismo e a construção de uma nova sociabilidade. Toda direção tem um sujeito que direciona, e, esse sujeito sempre está mais alto hierarquicamente falando, a revolução não é obra de direções, mas das massas em conjunto, a revolução inteligente se demonstra no percurso da história a única revolução que realmente mereça levar esse nome, diferente da revolução leninista que ao colocar dirigentes burocratas para comandarem a revolução, acabam por retirar do proletariado o caráter de classe revolucionária e transforma um grupo em específico nos agentes da “revolução”, a revolução é obra de todas os grupos oprimidos, proletários, camponeses, quilombolas, povos originários, etc. Toda a revolução se move através da crítica radical coletiva e nada mais, o direcionamento só existe nas sociedades capitalistas.

Adiante nosso autor no auge da sua ignorância no próximo parágrafo fala:

“Não é por acaso que Krupskaya evoca a figura do “revolucionário como alguém que se revoluciona internamente antes de revolucionar o mundo”. Essa inversão da prática marxista — que sempre partiu do mundo social para transformar o sujeito através da ação revolucionária — é o ponto de partida do idealismo mais clássico. É Hegel redivivo na época da falência do capital. É a religião da subjetividade, agora batizada de crítica.”

Primeira coisa a se levar em consideração é que não falaremos sobre a crítica a suposta subjetividade por já termos falado diversas vezes e não repetiremos a não ser que coloquem um conteúdo novo para rebater, mas esse não foi o caso.
A revolução individual no qual ele critica entra em contraste imediato com a teoria de Marx, então é óbvio que é oposto ao marxismo, mas a crítica também não é de inteiro ruim, a tese proposta pela primeira vez sobre a revolução pessoal realmente é ingênua, mas a tese que essa revolução é feita depois da social também é. A revolução pessoal, ou revolução do sujeito, acontece desde o começo do processo revolucionário, até o final, não existe uma revolução pessoal que comece e termine antes da revolução social, mas também não existe uma revolução social sem uma revolução pessoal, todas as revoluções dentro da revolução inteligente dependem uma da outra.

Quando falamos da prática marxista, de fato isso acontece, mas não estamos falando de uma teoria marxista, mas sim de uma teoria revolucionária, partir do mundo social para depois transformar o sujeito é uma tese interessante a primeira instância, mas a definição de um ponto de partida entre um e outro é uma tese reacionária que acaba por enxergar essa relação através da aparência. Para desenvolver melhor é importante lembrar que o mundo social é a síntese de todas as relações humanas, ou seja, a síntese da prática entre sujeitos, mas os sujeitos também são influenciados pelo mundo social, não existe um ponto de partida correto, porque ambos os pontos no fundo não existem sem o outro.

Esse Hegel revivido não está presente aqui (e que Hegel é esse? Parece vir de uma leitura patética do Lenin sobre Hegel), a revolução inteligente é literalmente contra esse recorte de Hegel no qual os marxistas colocam como o Hegel verdadeiro, mas ele não é, o Hegel da minha leitura de Hegel também não é, não existe uma leitura correta de Hegel porque todas as leituras acabam recortando um pedaço da obra hegeliana e se apropriando para si, no entanto existe uma leitura errada que no caso está exposta nesse parágrafo que estamos criticando quando ele aparentemente tenta fazer uma oposição entre Marx e Hegel, um erro muito comum entre os marxistas. Hegel é o filósofo que vai redescobrir que o mundo está em constante movimento e esse movimento é gerado por ele mesmo (hegel não descobre, mas sim redescobre porque quem descobre de fato é nagarjuna), ou seja, automovimento, Marx não se opõe a Hegel, mas o completa quando diz na primeira tese contra Feuerbach que os materialistas tinham que analisar esse movimento do mundo não só por conta do objeto (a realidade), mas também pela prática humana sensível, Marx está criticando os antigos materialistas e complementando Hegel, ele em momento nenhum o inverte, os marxistas têm essa visão deturpada de Hegel muito provavelmente por um erro de tradução ou por conta da leitura de um comentador da obra de Hegel como a leitura de kojeve. A própria concepção do idealismo em Hegel foge a qualquer leitura séria da obra hegeliana, mas não nos deteremos muito nesta questão porque essa defesa de um suposto idealismo em Hegel não é nada que interferiria na crítica do autor, é só uma leitura errada de Hegel.

Logo em seguida xiku pronúncia:

“Mas a revolução, para nós, não é uma fábula interior. Não é uma jornada do herói ou um rito de passagem espiritual. Ela é brutal, ela é concreta, ela é mundial. Ela se baseia em materiais contraditórios, em conflitos entre classes, em crises econômicas e políticas que abalam a estrutura da sociedade. E ela exige estratégia, organização, programa — não catecismos emocionais.” 

O autor retorna a acreditar na sua própria história, pegando o seu espantalho e batendo nele como se ele fosse parte da minha obra, quando ele não é. A revolução não é uma fábula interior, mas também não é um grito irracional para uma ação que é direcionada por pessoas que querem a derrota da revolução. O autor fala que a revolução é brutal, concreta e mundial como se por algum acaso a revolução inteligente não soubesse disso, o problema em questão é que a revolução proposta pelo colega usa da violência de forma desnecessária e errada, ela também é concreta, mas concreta por linhas tortas, a única coisa concreta em uma revolução marxista é seu inevitável fracasso, e, ela nunca foi mundial, esse internacionalismo dos marxistas é uma ilusão, nenhuma organização internacional prática esse internacionalismo entre todos os membros da organização. A revolução como ele coloca aqui está certa, mas na prática eles colocam essa teoria ao pé da letra e começam a ir em direção ao seu colapso inevitável.


A revolução inteligente vai além dessa base teórica, ela a analisa e retira dessa teoria todo o seu potencial para a prática, a própria concepção das múltiplas revoluções interligadas uma na outra vem da concepção que a revolução é feita através das crises e nos conflitos de classe feitos mundialmente, o problema é que essas crises são presentes em todos os cantos em cada área da sociedade, a crise capitalista não está só na política ou na economia, a mesma coisa serve para o conflito de classe que está presente em todo lugar, até nas suas relações pessoais. A revolução inteligente é diferente do que os marxistas imaginam, a única teoria revolucionária que tem de fato fundamento no que Marx e outros revolucionários escreveram e ainda o desenvolvem ainda mais.

Adiante no texto ele diz:

“Mas permitam-me começar com uma provocação: a revolução marxista não está estagnada — quem está estagnado é o pensamento que pretende substituí-la por parábolas. Não é a revolução que precisa ser reformulada — é o criticismo radical que precisa ser enterrado.”

Observem como o argumento do camarada anda em círculos, ele defende sua ideologia alienada, mas não desenvolve nenhum argumento para sustentar a ideia proposta por ele que a revolução marxista continua em movimento. Mas eu quero começar com uma errata, a revolução marxista realmente não está estagnada, para algo estar estagnado ele tem que existir, o que de fato não acontece, o marxismo é o desenvolvimento da classe apoiadora da burguesia que se apropria do nome de Marx para se dizer os arautos da classe trabalhadora, o que nem Marx teve a coragem de desenvolver. O criticismo radical não está estagnado e essa fala é típica de quem nunca estudou os meus textos, nem os textos de Marx, a crítica radical foi usada durante toda a história das verdadeiras revoluções proletárias, a única diferença é que no passado a crítica radical era usada como um instrumento teórico e prático, essa instrumentalização da crítica leva a uma estagnação em algum momento, por conta disso o criticismo radical se trata da crítica radical agora transformada em horizonte da teoria e da prática. Essa estagnação da revolução que usa a crítica como instrumento secundário para o seu desenvolvimento teve início com a criação da segunda internacional e teve sua derrota total com Lenin e os bolcheviques quando na suposta revolução russa, traíram os sovietes que eram os proletários russos organizados da época, mas agora com o criticismo radical essa forma avança, porque a crítica não pode ser perdida, pois ela faz parte da teoria e da prática como seu principal fundamento.

Prosseguindo:

“Julia toma o conceito de revolução como se fosse um produto de biblioteca, um verbete empoeirado de enciclopédia que aguarda revisão semântica. Ora, a revolução não é um conceito acadêmico, mas uma categoria histórica, concreta, objetiva. A revolução é a forma política da erupção da luta de classes, é o momento em que a infraestrutura se levanta como força consciente contra a superestrutura, e a história, até então escrita pelos dominadores, é reescrita pelas mãos calejadas dos oprimidos.”


A fala dele é completamente desonesta, eu nunca tratei a revolução como um produto de biblioteca, mas essa afirmação feita por ele vem de um argumento clássico de tentar separar a prática da teoria o que já demonstra ser um erro dos marxistas segundo a tese 2 contra Feuerbach. A revolução é de fato uma categoria histórica, mas ela está longe de ser concreta ou objetiva, a revolução quebra sua concretude frente o movimento interno da crítica, como Marx afirmava no “18 de brumário”. Ela não é objetiva somente, a revolução é o enfrentamento das contradições objetivas e subjetivas em conjunto, a tentativa de separar a objetividade da subjetividade é um erro filosófico que já falamos no começo desse texto, esse é o maior presente que a suposta “revolução” marxista pode dar para o capital. A história é escrita pelos oprimidos e pelos opressores, a visão da história escrita pelos opressores é comum de ser observada por um motivo simples: essa é a versão da história que prevaleceu durante todo o desenvolvimento das sociedades hierarquizadas, mas a história segue em constante escrita pelos oprimidos, a questão aqui é que a revolução trará a versão dos oprimidos para a luz e mostrará a falência da concepção burguesa de história.

Adiante ele diz:

“Ela não é uma “narrativa”, uma “simbologia”, um “campo de forças subjetivas”, mas a luta tenaz, organizada e violenta entre classes inconciliáveis. A revolução, cara Julia, não ocorre no psiquismo. Ela ocorre no quartel, na greve geral, no colapso do parlamento, nos conselhos operários armados. Ela ocorre de forma dialética, no choque entre o velho poder que se recusa a morrer e o novo poder que se recusa a esperar.”

O autor quando desenvolve que a revolução não é uma narrativa ele próprio está desenvolvendo um contra argumento a ele mesmo de forma inconsciente, a revolução é uma narrativa e é uma simbologia, a questão é que essa narrativa é a narrativa dos oprimidos que criam a sua própria simbologia de combate às estruturas da sociedade, essa crítica portanto só tem o peso da incompreensão do que significa algo ser simbólico ou o que de fato é uma narrativa, até porque a defesa feita por ele da revolução marxista é nada mais que uma narrativa que nega ser quem de fato é. Novamente o autor pega o mesmo argumento da revolução inteligente ser subjetiva o que já falamos ser uma mentira, então não iremos criticar mais esse ponto que foi criticado várias vezes nesse texto. 


A revolução caro xiku não ocorre no quartel, ela também não é feita na greve geral , no colapso do parlamento ou nos conselhos operários armados. Pegando o primeiro ponto, a revolução não é feita por militantes, ela é feita pelos oprimidos, dizer que a revolução é feita nos quartéis é ignorar o principal fator da revolução: as classes oprimidas revoltadas contra o sistema que as oprimem agora em ação buscando o fim deste mesmo sistema, não é uma tarefa dos quartéis. A greve geral entretanto ela é uma ferramenta da revolução, não podemos afirmar que ela é onde ocorre a revolução, mas certamente é um instrumento muito importante para a revolução social na prática, mas segue apenas nisso. O colapso do parlamento não é o terreno da revolução, não é onde ela ocorre, mas o que a revolução faz, a ação revolucionária contra o Estado ganha seus primeiros frutos neste colapso do parlamento, mas ele não é onde a revolução ocorre, as organizações institucionalistas que dizem que a revolução é feita no parlamento só dizem isso para retirar a revolução das ruas, estradas, condôminos, periferias, campos, quilombos, etc. É a mais alta tentativa de transformar a revolução em tarefa partidária e não em ação específica das classes oprimidas. E os conselhos de operários armados são uma forma de organizar os operários para a revolução (forma de organização desenvolvida pelos anarquistas primeiro e que os marxistas sempre lutaram contra dizendo que o partido era a única organização capaz de fazer revolução, a única que é proletária de fato), ela não é onde a revolução ocorre, mas é uma das armas da revolução dentro de muitas outras formas de combate. A revolução não é o combate entre o velho poder que se recusa a sair e o novo poder que se recusa a esperar, porque a revolução não é a tomada do poder, mas o fim das estruturas de poder e a criação de uma sociedade onde as relações naturais de poder se realizam sem a presença de estruturas que tornem um poder maior que o outro (não falei sobre a parte da dialética por motivos óbvios de que hoje essa palavra significa qualquer coisa que o autor que utiliza esse termo quer que ele signifique, um termo vazio).

Prosseguindo:

“Essa é a tragédia do seu criticismo radical: ele é radical apenas na forma, mas profundamente conservador no conteúdo. Como os filósofos alemães que Marx criticou em suas Teses sobre Feuerbach, você “só faz interpretar o mundo de várias maneiras”. Mas a questão é transformá-lo. A sua “revolução inteligente” não busca tomar o poder, mas redefinir os termos do discurso. É a crítica do mundo sem sujar os sapatos de barro e sangue da história.”

O criticismo radical não pretende tomar o poder porque somos revolucionários, nós pretendemos destruir o poder por completo enquanto estrutura, não queremos tomar essa estrutura e nem construir novas estruturas, isso é a revolução de fato, não esse jogo de palavras que no final nada significa. Não existe ser radical na forma e conservador no conteúdo, porque a forma ela se transforma a partir do seu conteúdo, e, é muito engraçado ouvir um marxista falar que nós somos conservadores porque são eles que acreditam em uma teoria e prática que traiu a classe trabalhadora durante toda a história e acham ser os revolucionários, mas de uma revolução fracassada que eles não se tocam disso.

A citação usada da tese 11 é uma citação clássica para quem não quer interpretar o mundo e só pretendem transformar, a tese 11 não é um grito contra as interpretações do mundo, mas sim o anseios por uma conexão entre a teoria que interpreta o mundo e a prática que muda este mundo, Marx não é burro ao ponto de falar contra as interpretações de mundo como o xiku faz, porque o próprio Marx mudou o mundo através das suas interpretações, se não fosse por ele e pelos outros revolucionários da sua época que interpretaram o mundo e tentaram mudar também, mas principalmente interpretaram o mundo, o movimento revolucionário hoje ainda tentaria mudar o mundo de forma irracional como está sendo posto pelo camarada. O criticismo radical diferente do marxismo pisa no barro e no sangue e sujar seus pés, nós saímos de casa descalços, a crítica não é somente teórica, ela também é prática, a crítica embutida nas ações revolucionárias. A revolução inteligente estuda as opressões por completo e atacam essas opressões ao máximo tanto na teoria quanto na prática em todos os lugares possíveis, os marxistas por outro lado pegam uma opressão e focam nela colocando todas as forças contra essa opressão e ignorando todas as outras opressões sofridas pelos oprimidos, e, caso necessário deturpam essa opressão ao ponto de que todos os outros grupos que lutam contra ela sejam errados e eles os arautos da verdade. Eu não estou em um pedestal filosófico-literário como o xiku diz nesse texto, ele coloca a minha figura em um pedestal para depois retirar só para fazer algum sentido na crítica sem fundamento que ele propõe.

Continuando:


“Quando Marx escreveu o Manifesto Comunista, ele não o escreveu como um convite à reflexão. Escreveu como um grito de guerra. Não foi um tratado de subjetividade revolucionária, foi o chamado para o esmagamento da burguesia pela organização independente do proletariado. Cada linha do Manifesto pulsa com a urgência da ação, não com a ruminação existencial. A revolução ali é a tomada do poder de Estado, a expropriação dos expropriadores, a demolição da ordem existente.

Mas a companheira Julia, com audácia que beira o voluntarismo pós-moderno, propõe que a revolução de 1848 foi superada pela de 1875, como quem troca de roupa. Como se Marx tivesse renegado a sua própria trajetória, e com ela, toda a concepção materialista da história. Que desfaçatez!”

Peguei esses dois parágrafos porque eles se complementam. O argumento circular retorna novamente, mas vamos voltar a criticar esse ponto para reforçar nossos argumentos. O manifesto é uma obra datada segundo o próprio Marx, por algum acaso Marx em 1871 é pós moderno? Porque segundo o camarada xiku, Marx foi um grande pós-moderno, para o Marx mais velho não se trata de tomar o Estado e a expropriação dos expropriadores, mas sim a destruição do Estado e da propriedade privada dos meios de produção. Marx não só vai contra o que ele diz no manifesto, como o próprio não recomenda a leitura da obra no prefácio de 1871, argumentando ser uma obra datada, mas o camarada xiku ignora as falas do Marx sobre ele mesmo e afirma no alto da sua ignorância que ele conhece mais de Marx do que o próprio Marx. A revolução de 1848 não foi superada pela revolução de 1875, porque se trata de uma única revolução, não são duas revoluções separadas, a revolução de 1848 é a mesma revolução de 2025, a questão é que são momentos diferentes da revolução, a revolução em 1875 criticou os seus erros de 1848, essa tentativa de separar a revolução é a pura tentativa do ataque a um espantalho.

Continuando:

“Julia insiste que todos os marxistas — leninistas e trotskistas, maoístas e stalinistas (que aliás, nada têm em comum exceto serem todos odiados pelo criticismo radical) — estariam presos a um conceito superado de revolução. Mas onde está a revolução de Julia? No inconsciente coletivo? Nas entrelinhas de um poema? Na dissolução simbólica do ego dominante? Não. Está apenas na abstração filosófica, onde tudo pode ser dito sem que nada precise ser feito.”


Camarada, vocês não têm nada em comum? Tem certeza disso? Mais adiante vamos ver que todos vocês que acorrentam a revolução estão ligados historicamente em um reacionarismo rasteiro.

A revolução inteligente está na abstração filosófica? Que abstração é essa que ele diz que eu faço? A revolução inteligente se encontra na prática muito mais presente que a revolução marxista afinal, a comuna de Paris em 1871, a revolução russa até ela ser traída pelos bolcheviques, a revolução parisiense em 1968 e a revolução italiana de 1977 sendo o auge das revoluções autogestionárias e autônomas, junho de 2013 aqui no Brasil, a luta contra os hospitais psiquiátricos, a luta contra a ditadura, na música, nas greves gerais, nos jornais operários, na arte no geral fora a música, a revolução inteligente está presente em todos os cantos e durante toda a história do capitalismo, a revolução inteligente é a revolução feita pelos trabalhadores, camponeses, indígenas e quilombolas nas mais variadas áreas do capitalismo, a proposta por dentro da revolução inteligente é interligar essas revoluções, interligar a prática já existente e criticar os pontos errados para avançar essa revolução, todas as insurgências revolucionárias são partes da revolução inteligente e elas não avançam por conta dessa falta de ligação entre elas e por conta dos partidos e organizações marxistas sempre matarem a revolução. E não venha lançar a crítica sem sentido do tipo “e cadê os avanços?” Porque o criticismo radical foi criado oficialmente em 2024, não tem como ele fazer muita coisa em só um ano de história, mas uma coisa é certa, o criticismo radical em um ano fez mais coisa que o Marxismo fez em cinco anos e continuará avançando assim. A revolução inteligente é feita pelas mãos da nossa classe oprimida, ela não precisa dos bolcheviques, dessa pequeno burguesia que nega em dizer seu nome e coloca ele como título da teoria das massas, eu posso ter começado a teoria do criticismo radical, mas ele é desenvolvido pelas massas podendo ser uma teoria oposta a sua concepção original, só o tempo dirá, mas esse movimento das massas com a teoria revolucionária só acontece aqui e em alguns setores do anarquismo (os mais avançados), mas quando se trata do marxismo estamos falando de um dogmatismo chulo onde a classe é substituída pelo partido na prática, enquanto não teoria isso é negado usando as palavras vazias da luta de classes, porque o marxismo transforma essa luta em uma luta entre partidos burgueses e reacionários. E a quantidade de pessoas entrando para esses partidos é preocupante, porque mostra que a contrarrevolução está na ordem do dia, os marxistas precisam ser combatidos e não é uma frase de Rosa que fará vocês estarem do lado das classes oprimidas, porque é muito bom ver a teoria e pouca prática, a defesa dele a sua teoria é um ataque a sua prática.

Ele continua:

“A tese de que o criticismo radical supera o leninismo por ser “descentralizado” e permitir que o “novato critique o veterano antes” é, sem rodeios, uma tentativa frustrada de substituir a organização pela horizontalidade da sala de aula liberal. Uma pedagogia da isenção afetiva em meio à guerra civil. Quer-se instaurar a revolução como seminário permanente: cada um com sua fala, seu tempo, seu trauma, sua epistemologia do sentir — e, ao final, todos votando no que parece mais justo.”

O mesmo ataque volta novamente, mas dessa vez com novas armas e novos espantalhos. O criticismo radical não é superior ao leninismo por ser centralizado, mas por ser uma teoria e prática feita por cada membro da organização, por cada pessoa oprimida, seja qual for a opressão, diferente do leninismo que copia a revolução burguesa de 1789 e sua forma organizativa e acha que tá sendo revolucionário, mas é o oposto, é a revolução na boca e a contrarrevolução de fato.


quando falamos que a teoria e prática crítica do novato deve ser feita primeiro do que a do veterano, estamos falando de prioridades organizativa da organização criticista radical, o novato é incentivado a criticar o mais experiente para ajudar ele a desenvolver consciência crítica, mas não é só deixar o “novato criticar o veterano”, mas também de forma coletiva e pedagógica, criticar essa “crítica do novato ao veterano” de forma que a crítica não humilhe esse novato, mas eduque ele a construir mais teorias e praticas de forma individual e coletiva (sendo a segunda forma a mais importante) e seguindo estudando cada vez mais.


A organização que defendemos não é nem um pouco parecida com o modelo hierárquico das salas de aula que o dito bolchevique diz ser uma horizontalidade, mas as salas de aula não são horizontais, elas são verticais como os partidos leninistas. A sala de aula só seria horizontal caso o aluno e o professor tivessem a mesma voz, mas isso não ocorre, o professor é a autoridade máxima, os alunos não podem contrariar o professor, e, caso o professor tenha preferência por certos alunos, acaba existindo uma hierarquia entre os próprios alunos, onde alguns alunos têm uma autoridade maior do que outros, isso incentivado pelo poder que a estrutura escolar deu para o professor. A escola no geral tem um modelo muito parecido com as organizações leninistas, os alunos são a base, os professores são os militantes com mais poder que os outros, membros de um comitê regional, os coordenadores seriam os membros do comitê central enquanto o diretor (ou diretora) seria o secretário geral da escola. A sala de aula implica uma verticalização, uma educação libertadora só pode ser alcançada pela abolição do sistema educacional e a criação de novas formas de organização educacional e crítica onde a educação e o ensino é feito de forma coletiva sem a reprodução de autoridades.

A crítica radical coletiva pedagógica não é uma forma de fazer todos os membros da organização terem seus votos atendidos, mas uma forma onde as suas vozes são escutadas e respondidas, em uma constante de debates do coletivo, onde a vontade da maioria prevalece diante da minoria, mas essa minoria não fica a mercê da prática forçada, mas é incentivado a estudar cada vez mais e reconhecer o erro, mas caso a história mostrar que ele tava certo, ele pode ser livre para dizer isso, não são votos, porque não queremos uma democracia, a democracia é o poder nas mãos de poucos, mas que oferecem migalhas desse poder para as massas, isso na democracia burguesa ou na democracia leninista (que se autodenomina operária), é uma oligarquia mais social, a questão que reivindicamos é o poder estruturante ser abolido pelas relações de poder (desculpa o retorno ao mesmo argumento aqui). É muito engraçado ver os marxistas usando teses como “epistemologia do sentir” porque mostra o quanto essa ladainha de “debater terminologias não é necessário” é uma mentira absurda, não debater terminologias é deixar que coloquem esses termos em lugares onde eles não pertencem, a esvaziar o sentido dos termos, “epistemologia do sentir” é o maior exemplo disso, epistemologia é a filosofia da ciência ou filosofia do conhecimento, como a epistemologia pode estar relacionada ao sentir? Essa posição de xiku contra o criticismo radical não é desonesta igual a maioria, mas uma posição apressada de alguém que procura escrever que nem um bolchevique de forma pedante e acrítica.

A crítica radical coletiva pedagógica também não se trata de falas somente, a crítica se dá tanto de forma teórica quanto prática e a revolução não é interrompida pela crítica, muito pelo contrário ela avança a partir dela, o tempo não se suspende e as balas não param, mas a revolução é feita na teoria e na prática, na fala e nas armas, essa noção reducionista que a revolução é feita por armas e por partidos é típico dos militantes leninistas que procuram em todo instante afirmar que o seu modo de revolução é o certo, quando nem revolução eles fazem.


Adiante ele diz:
“O centralismo democrático, esse conceito que ela desdenha como “hierarquia de saberes”, não é uma invenção autoritária. É a mais profunda forma de democracia dentro de uma organização operária. Não a democracia burguesa, feita de papéis e urnas, mas a democracia da luta: a liberdade de crítica total até o momento da decisão, e a disciplina total depois da decisão (mas as críticas nunca devem parar, dentro das instâncias). Discussão total até a exaustão, ação unificada até a vitória.
É nesse espírito que o partido revolucionário se forja. Não como um clube de debates ou uma sala de espelhos, mas como um instrumento da revolução. Como um corpo orgânico que pensa, age e responde à altura da luta de classes. Enquanto Julia Krupskaia propõe críticas individuais entre “eu e o outro”, o partido bolchevique opera com base na crítica entre “classe e inimigo”, “programa e realidade”, “revolução e contrarrevolução”.”



A resposta de Xiku é cada vez mais estranha e sem sentido porque ele defende o criticismo radical, mas coloca ele como uma tese do centralismo democratico quando ele não é. Mas observem o que foi dito por ele sobre a minha crítica ao centralismo democratico, eu não falei sobre “hierarquia dos saberes” porque essa não é a única hierarquia existente, a maior de todas se encontra na prática onde as massas dentro do partido tem que se submeter a vontade do comitê central, falar que o centralismo democratico é a vontade da maioria que submete a vontade da minoria do comitê central é só uma mentira muito reproduzida pelos leninistas, mas ainda podem argumentar “Mas as decisões do partido é decidida pela maioria e o comitê central só aprova elas”, veja amigos esse argumento é muito bom se olhar de primeira, mas ele carrega falhas em todo seu conteúdo, a primeira coisa a se notar é que na realidade o que acontece é que o comitê central convence a maioria do partido a reproduzirem as suas ideias (ideias do comitê), para depois a maioria colocar essas ideias como as ideias dela quando não é. Esse convencimento é fácil de fazer quando não existe nenhuma formação básica que incentive consciência crítica, às organizações leninistas são assim, a maioria não tem formação básica, mas quando tem essa formação é só sobre os autores que a organização defende (e às vezes é de um período em específico, como as leituras do jovem Marx, mas é de alguns livros do jovem Marx, não todos), essa formação é a reprodução mais alta do dogmatismo de classes nos seus níveis mais altos, não estudam sobre aqueles que discordam de suas posições e quando fazem esse estudo ele se dá de maneira bastante rasa e é feita simplesmente para defender as ideias do comitê central de forma irracional como sempre foi feito por qualquer organização centralizada, essa crítica interna constante, mas uma unidade da prática, demonstra a fraqueza teórica que a ideia de Kautsky tem, essa crítica constante não é ouvida pelos que têm poder no partido, quem critica estando certo (ou não), tem que se submeter a vontade da casta partidária, a crítica de fato é constante, mas para os partidos leninistas essa critica é só uma brincadeira que no final não irá resultar em nada e isso é uma caracteristica propria da estrutura desse tipo de partido que nem de longe é orgânico, mas uma forma mecanicista de organização, uma organização orgânica de fato é a organização criticista radical.


O autor do texto também coloca as críticas individuais separadas das críticas entre grupos e conceitos historicamente desenvolvidos, mas o que esse autor esquece de mencionar é que a crítica feita pelo criticismo radical é a crítica da classe oprimida, ela é a crítica dos revolucionários, mas de fato os bolcheviques realmente opera na base do “classe e inimigos”, porque eles são os inimigos da classe operária, mas eles atuam também na lógica do “programa e realidade” porque os programas feito pelos leninistas como o Xiku é uma ilusão sem base nenhuma na realidade, apenas deturpando a realidade ao seu favor, mas eles também operam na base da “revolução e contrarrevolução”, sempre que existe uma revolução, os “bolcheviques” se posicionam ao lado oposto do proletariado, se posicionam a favor da contrarrevolução na prática, enquanto na teoria se vangloriam de serem revolucionários, quando eles não são, muito pelo contrário. O criticismo radical atua em todos os cantos da crítica, seja ao conteúdo de um indivíduo, tanto ao conteúdo de um grupo, a crítica não deve se importam em qual é seu alvo, ela deve se importar em como combater esse alvo, e, para isso que serve a crítica radical coletiva, para avançar na teoria e na prática independente do quão grande seja o obstáculo na frente da classe oprimida revolucionária. O autor disse que eu cometi um dogmatismo na crítica ao centralismo democratico, dizendo que eu estava sendo hipócrita ao acusar um indivíduo chamado de Theo de dogmático porque supostamente eu também estava sendo na minha crítica, mas veja, falar que alguém está sendo dogmático sem nem ao menos saber o que dogmatismo significa é algo perigoso de se fazer, porque o dogmatismo não está em mim que critica esse conceito burguês, mas no autor que o defende de forma acrítica, reproduzindo os mesmos erros que criticamos diversas vezes nos nossos artigos e neste artigo em específico, defendendo a sua prática de estimação colocando ela em um pedestal seja de forma consciente ou não.

O autor continua:

“E é aqui que a coisa toma ares de tragédia cômica: Julia compara o capital com um anel mágico. Sim, você não leu errado. O capital, para ela, não é a expressão de uma relação social entre exploradores e esplorados, não é o mais-valor extraído do sangue e do suor da classe operária, mas um anel do poder Tolkieniano. Tolkien, finalmente, substitui Marx como referência fundadora da teoria do criticismo radical. O Livro I d’O Capital será reeditado com ilustrações de elfos e dragões.”

Veja essa interpretação embora mal feita pode ser explicada facilmente, ele entendeu errado quando eu afirmo que o capital pouco se importa com a classe no poder, desde que ele mantenha-se reproduzido, o problema em questão é que o autor não sabe dizer o que é capital, ele não é o mais-valor, a mais valia faz parte do processo de valorização do capital, no próprio livro 1 de “O Capital” Marx comenta que o capital tem sua forma mais básica na mercadoria, a mercadoria é sua aparência, quando Marx fala sobre reprodução de capital e reprodução de mercadorias, esses termos são sinônimos, o mais valor é uma parte dessa reprodução, ele não é o capital em si, o argumento do XIku vem de uma linha que busca retirar a opressão de dentro dessa reprodução de mercadorias, mas não quer abolir. O problema que não é exposto por mim somente, mas por todos os autores da revista EXIT, é que o capital na sociedade reprodutora de mercadorias é visto como sujeito, enquanto os sujeitos são vistos como simples objetos de troca, mas para isso vou usar de uma citação do texto “dominação sem sujeito” do Robert Kurz:

“Um dos vocábulos mais diletos da crítica social da esquerda, tagarelado com a inadvertência da obviedade, é o conceito de "dominação". Os "dominantes" foram e são tidos em inúmeros tratados e folhas volantes como grandes e universais malvados difusos, a fim de explicar os sofrimentos da sociabilização capitalista. Essa moldura é aplicada retrospectivamente a toda história. No jargão especificamente marxista, esse conceito de dominação amplia-se no de "classe dominante". O entendimento de dominação recebe dessa maneira uma "base econômica". A classe dominante é a consumidora da mais-valia, da qual ela se apropria com astúcia e perfídia e, é claro, com violência.
Salta aos olhos que a maioria das teorias da dominação, inclusive as marxistas, reduzem o problema de modo utilitarista. Se há apropriação de "trabalho alheio", se há repressão social, se há violência aberta, então é para uso e proveito de uma pessoa qualquer. Cui bono — a isto se reduz a problemática. Uma tal consideração não faz jus à realidade. Mesmo a construção das pirâmides dos antigos egípcios, que devorou uma parte não insignificante do mais-produto dessa sociedade, não se deixa remontar à força a uma perspectiva do desfrute (puramente económico) de uma classe ou casta. A matança recíproca dos diversos "dominantes", por razões de "honra", fica notoriamente de fora de todo simples cálculo de utilidade.
A redução da história humana a uma luta infinita por "interesses" e "vantagens", travada por sujeitos imbuídos de um árido egoísmo utilitário, simplesmente abrevia ou distorce muitos dos fenômenos reais para que possa pleitear um decisivo valor explicativo. A idéia de que tudo o que não se resolve no cálculo utilitário subjetivo é mera roupagem de "interesses" sob formas religiosas ou ideológicas, instituições ou tradições, torna-se ridícula quando o gasto real com essa pretensa roupagem supera em muito o núcleo substancial do suposto egoísmo. Muitas vezes se tem antes de dizer o contrário: que os pontos de vista do egoísmo, se é que podem ser reconhecidos, representam uma mera roupagem ou uma mera exterioridade de "algo diverso" que se manifesta nas instituições e tradições sociais.
Ora, poder-se-ia dizer que aqui existe simplesmente um típico anacronismo do pensamento burguês. Uma constituição e um modo de pensar capitalistas, isto é, próprios à sociedade moderna, são impingidos às épocas pré-modernas, cujas verdadeiras relações não são com isso apreendidas. Isto significaria que a redução da dominação ao egoísmo e à luta de interesses seria válida pelo menos para a modernidade burguesa, em cujo solo brotou essa própria forma de pensamento. De fato, não se há-de negar que o aspecto externo das sociedades modernas, inclusive a psique dos homens "que ganham dinheiro", parece resolver-se no egoísmo abstrato.
Porém justamente o caráter abstrato desse "proveito", para além de todas as necessidades sensíveis, é ao mesmo tempo o que desmente essa superfície. Se o egoísmo moderno é retraduzido para o plano sensível das necessidades, ele ganha com isso algo de fantasmagórico, de puramente irracional. Paradoxalmente, o egoísmo, do modo como é posto na forma-dinheiro totalizada, parece ser algo perfeitamente autonomizado em relação aos indivíduos e sua "singularidade". Esse carácter alheio do interesse, que em hipótese é imediatamente egoísta, permaneceu ainda encoberto na fase histórica da ascensão do capital, quando o egoísmo de constituição moderna ainda não se separava por inteiro do conteúdo sensível da riqueza. Poderia parecer então que o egoísmo era realmente a simples forma da luta pelo ("escasso") mais-produto material, e como se isso fosse um fundamento comum a toda a história até hoje, que só na modernidade capitalista foi simplificado ao extremo e por fim descoberto como tal.
Essa concepção do marxismo vulgar, a mesma daquela do Manifesto Comunista, torna-se sem dúvida fora de propósito no confronto com a realidade do capitalismo que se tornou maduro. Hoje, o egoísmo constituído emancipou-se definitivamente de todo conteúdo de carência sensível na forma-dinheiro. O mais-produto material não pode mais ser definido como objeto de apropriação para uso e proveito de uma pessoa qualquer: ele se autonomizou à vista de todos como monstruoso fim em si mesmo. A capitalização do mundo e os pululantes projetos abstratos de utilidade ganham uma desesperada semelhança com a construção das pirâmides no limiar da civilização, mesmo que sob relações sociais inteiramente diversas (mercadoria e dinheiro ). Às pessoas que só clamam ainda por "empregos", e não mais pela satisfação das necessidades, terá de ser atestada uma espécie de inimputabilidade que denuncie seu assim chamado egoísmo como mera ratificação de um princípio religioso secularizado. Isso vale igualmente para aqueles que, como proprietários, administradores, políticos, etc., são forçados a manter em curso esse princípio autonomizado. Também seu proveito é meramente secundário, sendo custeado cada vez mais com o próprio prejuízo.”
Como o próprio Kurz argumenta essa tentativa de colocar uma dominação de classes onde todos os problemas da sociedade acontecem por conta dos interesses de uma pessoa ou de uma classe é simplesmente uma análise utilitarista que busca analisar os interesses pessoais de cada classe e se despreocupam em fazer a análise da realidade como ela é dada hoje, fazer uma análise das opressões da dominação da sociedade atual. E aqui não se trata de defender a burguesia, muito pelo contrário, a burguesia colocou o capital no poder dominante, ela foi a principal contribuinte para essa dominação, ela hoje é usada pelo capital para continuar expandindo e oprimindo as outras classes, a luta revolucionária ainda é uma luta de classes, só que não se trata só de uma luta de classes, mas de uma luta contra toda a estrutura de reprodução de mercadorias que temos nessa sociedade antissocial, a análise feita por Kurz é até hoje muito importante e deve ser relembrada em todos os momentos.

Adiante ele utiliza de uma fala de trotsky:

“As massas não abandonam o marxismo quando este está vivo, mas quando este deixa de responder às necessidades da ação”

Antes de comentar sobre a fala do autor frente a essa citação, vamos só reforçar uma coisa, em nenhum momento da história das revoluções o marxismo esteve do lado das massas ou as massas do lado do marxismo, o Marxismo sempre se opôs ao movimento das massas. O autor complementa essa citação dizendo:
“O que produz o conformismo não é a direção firme, mas a direção inexistente.”

Negativo Camarada Xiku, o conformismo não é gerado pela direção inexistente, a falta de um diretor é a mais alta presença de uma ação, ou seja, uma oposição a qualquer conformismo, porque é sem direção nenhuma que os sujeitos acabam se movendo por conta própria e de forma coletiva, a direção firme só faz uma coisa que é apontar uma direção, mas não incentivam os membros a ação prática, se incentiva não existiria membros fantasmas nessas organizações que estão lá só pelo nome da organização, mas não faz nada pela revolução.

O Autor prossegue:

“E é aí que a crítica de Julia Krupskaya revela seu veneno mais perigoso: ela não propõe uma superação revolucionária da degeneração burocrática, propõe sua rendição. Diante da maquina burocrática que engessa o pensamento, ela não empunha o martelo — ela entrega a fábrica. Ela acredita que o antídoto contra o dogmatismo é a dispersão total: abolir a linha política, derreter as estruturas, substituir o centralismo pela roda de conversa, a estratégia pelo afeto. Como se o problema da esquerda fosse excesso de direção — e não a falta de uma direção que preste.
Mas o que é uma revolução sem direção? É um incêndio sem vento. Uma greve sem comitê. Um levante sem plano. Um navio sem leme. E quem tenta navegar o mar revolto da história sem bússola termina, invariavelmente, com a cabeça nas pedras e o coração nas mãos dos reformistas.”

Esses dois parágrafos são uma introdução básica do parágrafo mais desonesto feito por ele logo em seguida, mas primeiro gostaria de responder às acusações feitas pelo autor nesses dois parágrafos.

O criticismo radical não propõe nenhuma rendição a burocracia, diferente dos trotskistas e demais vertentes leninistas, a proposta do criticismo radical é simples a destruição total da máquina burocrática de forma imediata, destruição feita pelas massas, mas o trotskista me acusa de me render a burocracia porque para ele é um insulto abolir a máquina burocrática, porque ele quer derrubar a burocracia e se tornar a nova burocracia, quem se rende aqui são eles, não a gente que sempre salientou qual é a solução para esses problemas, mas essas soluções acabam ferindo os planos pequeno burgueses dos trotskistas. Nós não entregamos a fábrica, mas também não levantamos o martelo, levantamos as armas, levantamos o mar armado das massas, a fábrica é tomada, ela não pode ser entregue ou defendida porque ela nem sequer está em nossas mãos, primeiro precisamos tomar as fábricas, depois essa colocação dele fará algum sentido (e mesmo assim será uma mentira desonesta sem tamanho).

A desonestidade do camarada assume sua ascensão nesses parágrafos, não é abolir a linha política, mas entender que não existe só a linha política, não é derreter as estruturas (Ao menos que você tenha um pote pra colocar embaixo dessas estruturas e jogar o líquido fora quando terminar de derreter), mas destruí-las até virar poeira que não faça diferença nenhuma na sociedade futura sendo apenas um marco na história e nada mais. O centralismo não é substituído pela roda de conversa, essa concepção dele é simplesmente maluca, o centralismo é substituído pelo debate crítico na teoria e na prática, não é uma roda de conversa, mas uma roda de ação, essa tentativa de desqualificar a organização criticista radical é mais antiga que a própria formação dessa organização (enquanto teoria organizativa, ela ainda vai ser criada na prática, com a publicação do volume 2 do criticismo radical), essa desqualificação acontece desde as organizações autônomas (os marxistas desqualificando elas no caso) que são a forma mais parecida de uma organização criticista radical na atualidade, a reprodução de espantalhos contra as massas é ancestral no marxismo. A dita substituição da estratégia pelo afeto é um argumento raso que leva à seguinte questão: que droga é essa que o autor desse texto usou pra ficar assim? Porque não se trata de substituir a estratégia pelo afeto, mas sim substituir a estratégia mal feita pela estratégia coletiva feita através dos debates internos e externos da organização criticista radical, promovemos o afeto entre os nossos, aos traidores e inimigos dos grupos oprimidos o mais sincero ataque, não queremos afeto a essa gente que oprime tanta gente de forma consciente ou inconsciente (quando falamos de traidores essa opressão é indireta). Mas eu respondo o que é uma revolução sem direção, é uma revolução que constrói a sua direção na prática, não existe direção imanente como os marxistas colocam, as massas revolucionárias constroem suas bússolas, não precisamos da bússola que leva ao reformismo radical dos marxistas.

Por fim o autor atinge o ápice da sua desonestidade quando afirma:

“A história está cheia de exemplos de revoltas sinceras que naufragaram porque recusaram a direção. A Comuna de Paris, heroica e imensa, foi esmagada por não ter partido. A Revolução Alemã de 1019, sangrada na rua, foi traída por não ter centralismo. O Maio de 1968, febril e luminoso, murchou no ar por não ter estratégia. A Primavera Árabe, cantada por liberais como promessa de renovação, terminou na restauração mais brutal justamente porque não teve quem conduzisse o poder.”

O primeiro ponto a se ressaltar é que essas revoluções (exceto a primavera arabe que não é uma revolução) de fato foram derrotadas porque não tinham direção, mas o que o camarada não fala é que essa derrota foi feita pelos marxistas de um partido (ou mais de um partido), em aliança com a burguesia. A comuna de paris não foi derrotada por não ter partido, ela foi derrotada pelo partido, pelo Estado, porque o principal erro da comuna segundo Marx foi não ter abolido a máquina estatal, não se tratou de não ter partido, a comuna de paris teve uma organização muito mais avançada que qualquer forma partidária. A revolução alemã foi sangrada nas ruas e derrotada justamente pelo centralismo aliado da burguesia, e essa aliança continua até hoje, a leitura dessas revoluções por parte do Xiku é simplesmente uma leitura rasa e deturpada sobre elas só para provar o seu ponto. Mas é na sua fala sobre a revolução de maio de 1968 que se encontra o maior problema do autor quando se trata de não estudar eventos históricos, mas usar eles para sustentar suas ideias que se estudasse viria que eles não o sustentam, mas o atacam. Maio de 1968 ser derrotado por não ter estratégia é o argumento mais comum daqueles que estavam do lado da polícia contra os operários das fábricas, os partidos leninistas (desde o stalinismo classico e o maoismo, até as organizações trotskistas), todas traíram a classe trabalhadora nesse período porque a revolução em curso estava sendo feita sem centralismo democratico, o ressentimento dos leninistas ao verem a sua insignificância frente a revolução, mas o engraçado é o camarada colocar a primavera ârabe na conta de exemplos equivocados dele, porque não se trata de uma revolução proletária, mas de uma fracassada tentativa dos liberais tomarem o poder que foi financiada por quase todos os países capitalistas. Mas se queremos falar sobre outros períodos históricos que os marxistas traíram os trabalhadores, podemos falar de 1920 quando os bolcheviques traíram os sovietes, a revolta de kronstadt em 1921 onde trabalhadores foram mortos pelo exército vermelho (esse a mando do próprio trotsky), a Itália de 1977 onde os trabalhadores e estudantes foram traídos pelos marxistas que achavam os revolucionários “um bando de adolescentes revoltados” e esse curso segue em frente, todas as revoluções foram traídas e atacadas pelos marxistas (e marxista no caso são os leninistas, porque os marxistas que são os primeiros dissidentes da segunda internacional deixam o nome marxismo a muito tempo, então não faria sentido chamar eles assim), então sim é desonesto quando você afirma que essas revoluções foram destruídas porque não atenderam aos seus requisitos, a revolução é das classes oprimidas, ela não é do partido.

Agora vamos pegar só alguns trechos curtos e comentar porque não tem nenhum parágrafo bom o bastante para desenvolvermos mais, é só a mesma prolixidade:

“Ela não quer destruir o aparelho morto — ela quer impedir o nascimento da organização viva. Seu ataque ao partido não é uma defesa da crítica — é um panfleto contra o marxismo.”

A organização marxista está longe de ser viva, ela é simplesmente uma organização natimorta (natimorto é nascer morto, no caso a organização marxista é uma organização que nasceu morta), mas ele está meio certo ao dizer isso, porque nós não queremos só destruir o aparelho morto, mas também queremos destruir as novas formas de opressão que os marxistas querem forjar. O nosso ataque ao partido é tanto uma defesa da crítica quanto um ataque ao marxismo, porque é o Marxismo que manipulou a classe oprimida por anos a acreditarem nas suas promessas durante anos, a classe proletária merece ser libertada das ilusões burguesas e das ilusões marxistas, para ela construir a consciência crítica e fazer a revolução andar pra frente, mas acho que ele demorou muito tempo para descobrir que somos contra o marxismo.

Ele continua:

“Os bolcheviques não choraram diante da insurreição — a usaram para derrotar os inimigos da revolução.”

Claro que eles não choram, mas eles também não usam as insurreições para derrotar os inimigos da revolução, eles não são suicidas, os bolcheviques atacam a insurreição, não existe nenhuma forma de uso das insurreições aqui. Ele finaliza:

“a revolução não será “inteligente”. Ela será comunista. E será total.”

A revolução será burra então? Xiku a revolução inteligente é a mais alta expressão teórica (que em breve se lançará a prática) das revoluções do proletariado, ela será completa diferente da revolução marxista que nem revolução é. O engraçado de todo esse texto não é nem ver essa comédia, mas ver como na teoria quando ele fala do proletariado como agentes da revolução ele está de forma inconsciente a favor da revolução inteligente e contra a teoria marxista leninista (incluindo a trotskista), mas essa contradição como eu já disse é inconsciente, ele pega citações de Marx sem interpretar, de fato a revolução é obra dos trabalhadores para os trabalhadores, mas a revolução inteligente é uma revolução dos trabalhadores para os trabalhadores, enquanto a trotskista é a revolução do partido para o partido. Por fim o mais importante a se falar é que essa crítica não é direcionada para o Xiku mudar, mas para mostrar a falência teórica de uma ideologia que se move em oposição a revolução e cria uma revolução artificial em suas mentes, a tentativa de Xiku em criticar a revolução inteligente foi dado na sua impaciência em ler todos os artigos do criticismo radical já lançados e de uma interpretação rasteira que qualquer pessoa com bom senso irá perceber o erro do camarada, ele é prolixo não só porque não consegue escrever de forma decente, mas também porque ele não tem argumentos para usar e pega espantalhos para tentar bater só que não teve criatividade o suficiente para criar novos espantalhos, então reutilizou eles só decorrer do texto inteiro só com formas diferentes de ataque, a própria defesa do centralismo democrático que ele faz é infundada e como feito nesta crítica fácil de rebater, porque a crítica ao centralismo democrático se baseia nos escritos de kautsky e Lênin quando criaram e desenvolveram esse conceito e como esse conceito é dado atualmente nas organizações marxistas que utilizam desse centralismo democrático como a OCI que o autor diz fazer parte. Eu espero que tenham gostado da crítica feita ao camarada, pessoalmente eu gostei da audácia de me criticar com uma leitura incompleta dos meus textos, mas uma coisa é certa, o Xiku é meu amigo, não é porque ele foi desonesto que eu vou parar essa amizade, conflitos teóricos podem ser resolvidos, ele não me atacou pessoalmente (ele fez isso no texto, mas isso é irrelevante, o texto dele é ruim então eu deixo essa mais na tentativa frustrada de ser um bolchevique).



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